Quando me propus a ler Asimov, eu fiz tudo errado. Comecei por Fundação, que lá pelo meio do livro fica muito chato, e leva mais de cem páginas pra recuperar o ritmo. Depois li Fim da Eternidade e Nêmeses, que são histórias menores. Deveria ter começado por Eu, Robô - uma história dinâmica, criativa e inesperada. Esse livro justifica toda adoração por Asimov. Esqueça o filme com Will Smith, que não tem nada a ver com o livro, fora o fato de citar As Três Leis da Robótica:
1- Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.2- Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.3- Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis.
Essas leis, que parecem tão simples quando lemos, são destrinchadas por Asimov em cada uma de suas possíveis complicações. Há um fio condutor, mas na verdade o livro é constituído de várias histórias de problemas de relacionamento com os robôs, quase sempre por causa das leis. Sobre ferir um ser humano, isso pode ser tanto no aspecto físico quando psicológico? E quando esse cuidado de não permitir que o ser humano sofra qualquer mal é tomado tão literalmente que impede o uso de robôs em lugares de risco? Como um robô reagiria de posse de informações desejadas mas que se fornecidas podem gerar algum mal? O que nos parece claro pode não ser quando pensamos numa programação - tal como acontece de verdade. O autor levanta essas questões e cria histórias, suas consequencias e soluções. O final é uma verdadeira provocação científica e uma confissão de fé. As quase trezentas páginas passam sem sentir e eu estou louca para ler Nós, Robôs.