(roubei do Fabián Ferraz)
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Construindo um Império
(roubei do Fabián Ferraz)
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Vendendo brigadeiro na rua
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Quase tudo, Danuza Leão

À tarde, chega no meu hotel uma imensa caixa da Chanel, com o vestido mais lindo que já vi: a saia toda de pétalas de organdi branco, o corpete de tafetá preto; o cinto, apenas uma fita de cetim preto com um laço e uma camélia, um luxo. A partir desse momento, o concierge do hotel começou a me tratar muito melhor, cheio de sorrisos e salamaleques - sabe como eles são. E Lily (Marinho), que vai até o fim das coisas, me mandou, de quebra, seu colar de esmeraldas com os respectivos brincos e anel - emprestados, claro. Eu me senti uma princesa, e dei graças por ainda ter o mesmo corpo de quando era manequim, ou o vestido não serviria.
No baile, eu era a mais chique - ou uma das - , mas só eu sei o que passei. O medo de quem pingasse uma gota de champanhe no vestido me impediu de me divertir, e de dois em dois minutos eu botava a mão na orelha pra ver se o brinco não tinha caído. Nunca sofri tanto. Quando voltei para o hotel, tirei cuidadosamente a roupa - quase acomodei o vestido na cama e dormi no chão, para não amarrotar -, guardei as esmeraldas e fiquei olhando para todo aquele luxo. Lá no fundo talvez eu achasse que, o dia em que uma mulher vestisse um lindo vestido de Chanel e usasse esmeraldas, tudo mudaria, ela passaria a ser outra, mas a verdade é que nada muda e você volta a ser a mesma pessoa de antes. E pensei que, mesmo adorando essas coisas maravilhosas - que, aliás, adoro -, não vale a pena fazer nenhum tipo de conecessão para tê-las, pois, quando a festa acaba, nada disso quer dizer nada, e nenhuma festa dura para sempre. (p.154)
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
As emblemáticas mulheres de Mad Men III


sábado, 17 de dezembro de 2011
As emblemáticas mulheres de Mad Men II


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
As emblemáticas mulheres de Mad Men I


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Preconceito
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Experiência bolañesca
Como me falta capacidade e ao Milton sobra, só me resta indicar as críticas que ele fez a respeito de Bolaño.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Análise de música popular
Vou mostrando como sou/ Vou sendo como posso- Durkheim foi o primeiro a apontar a diferença entre o ideal de sociedade (o que eu mostro) e como ela realmente é (o que eu sou). A diferença entre seu discurso, conceito sobre si mesma, e o que ela realmente pode nas suas práticas diárias. Levi-Strauss chama atenção para a questão do inconsciente. As motivações reais são ignoradas pelo próprio indivíduo, e até mesmo seu discurso é ilusório. Às vezes, a explicação que parece obvia pode ser a mais enganosa, por camuflar melhor a realidade. É a diferença entre a ordem do vivido e do concebido.
Essa contradição faz com que o etnólogo tenha que redobrar sua atenção para não se levar pelo discurso. Na pesquisa de campo, isso se reflete na necessidade de verificar várias vezes a mesma informação, de procurar um número grande de elementos. Isso pode gerar a questão: a sociedade elabora sobre si uma mentira?
Jogando meu corpo no mundo/ Andando por todos os cantos- Não. O discurso atua no campo das idéias, que de acordo com Levi- Strauss é sempre mais rico e é a matriz das atitudes. Ao jogar-se no mundo, andar por todos os cantos, ou seja, ao atuar, necessariamente as coisas são diferentes. O campo das idéias pode ser mais rico, mas o mundo possui maneiras de atuação particulares, que as diferenciam do discurso.
E pela lei natural dos encontros/ E deixo e recebo um tanto - Certas coisas são tão freqüentes nas sociedades humanas que podem até ser pensadas como “leis naturais”. Para Levi-Strauss, o tabu do incesto seria uma lei universal. A dádiva maussiana pode ser considerada uma lei natural? O fato de pessoas ou sociedades se encontrarem, e nesse encontro deixarem e receberem algo umas das outras. Esse trecho explicita a relação envolvida nas trocas, que nunca deixa iguais àqueles que nela se envolvem, seja...
Passo aos olhos nus/ Ou vestidos de lunetas- ... por uma simples troca de olhar, ou de vestimentas fantásticas. A construção do eu sempre se faz na alteridade, na comparação do que é semelhante do que não é. O conhecimento do outro é natural, porque o humano não pode jamais ser pensando sozinho, desligado da sua sociedade ou da cultura. E quanto mais distante ou desconhecido, mais fantástico e/ou temido o outro nos parece.
Passado, presente/ Participo sendo o mistério do planeta- Durkheim apontava que o caráter coercitivo dos fatos sociais estava no fato de serem, dentre outras coisas, anteriores aos indivíduos. Ao nascer, cada um encontra uma sociedade com uma história e uma forma de organização particulares. História esta que se faz presente em todos os que vivem na sociedade, na medida em que todos compartilham da mesma cultura.
Isso, no entanto, não retira do individuo sua particularidade. Nenhum individuo contém a totalidade da sua sociedade. A maneira como os diversos fatores externos influenciaram seu aparato interno, continua algo muito particular. Por isso, cada um continua sendo um mistério, com uma participação e essência próprias.
O tríplice mistério do estoque- Ao falar de estoque, podemos lembrar do estoque de inhame do chefe envolvido no kula. A forma de estocar, fazia parte da atribuição dentro do ritual da dádiva. Algumas vezes, este estoque era formado apenas para ser destruído de forma ritual. O estoque não existia por si ou para uma mera satisfação econômica, ele fazia parte de algo maior, somente explicado pelo contexto da dádiva. Se a entendermos como tríplice, este se refere às três obrigações que ela envolve: dar, receber e retribuir.
Que eu passo por e sendo ele/ No que fica em cada um- A dádiva não é apenas econômica, nem religiosa, nem ritualística, nem comercial ou estética; ela envolve todas essas esferas e muitas outras, o que a torna um fenômeno social total. Cada um passa pela dádiva e é ao mesmo tempo objeto da dádiva. Pelos conceitos de hau – a essencial da pessoa que fica com a coisa dada- e mana- a força que faz as coisas circularem- vemos que a dádiva não é uma simples troca de objetos. Ela é uma troca espiritual, pois cada um dá um pouco de si quando troca. E ao pensarmos que a dádiva envolve toda a sociedade, ela nos fala de uma troca entre culturas, sociedades e humanidades. A troca aproxima as pessoas e faz com que compartilhem a essência que lhes é comum.
No que sigo meu caminho/ E no ar que fez que assistiu- Os mitos, para Levi-Strauss, não podem ser analisados de modo estritamente funcional. Os mitos possuem origem em si mesmos, estão “no ar”. Eles só podem sofrer uma comparação com outros mitos, pois eles funcionam com uma lógica e caminhos próprios.
Abra um parênteses/ Não esqueça- Apesar do evidente papel da sociedade, na classificação, das regras, nas religiões, até mesmo atuando no corpo do individuo, não podemos esquecer que ...
Que independente disso /Eu não passo de um malandro/ De um moleque do Brasil- A sociedade é constituída por pessoas, e as estruturas não funcionam sozinhas. Embora determinada por muitos fatores e circunscrita pelos limites dados pela formação dada por sua sociedade, o individuo tem um espaço de ação, que usa de diversas maneiras. Algumas vezes, sua maneira de atuar pode se tornar manipuladora (bem destacado por Leach), ou “malandra”.
Que peço e dou esmolas- Ao dar e pedir esmolas ao mesmo tempo, há um reconhecimento que na dádiva todos irão dar e receber. Aquele que dá, encontra-se numa posição de superioridade, mas esta não se mantém eternamente. Como a dádiva por natureza implica em circulação, em algum momento o individuo terá de receber- e se encontrar numa posição menos favorável. Ao falar em esmolas, cabe lembrar, pode ser compreendida como um sacrifício/ dádiva oferecida aos deuses, pois aquele que a recebe não retribuirá a dádiva, papel que cabe ao divino. Como a pessoa da musica dá e pede esmolas, podemos considerar que ela faz e recebe coisas que só cabe ao divino retribuir.
Mas ando sempre/ Com mais de um/ Por isso ninguém vê/ Minha sacola- . Mesmo quando só, o individuo está acompanhado pela sociedade que o formou. E para haver troca, sempre precisa haver mais de um envolvido. O individuo é ex-centrico a si mesmo- seu centro encontra-se na sociedade. A “sacola”, por ser um objeto estritamente pessoal que acompanha sempre o indivíduo, por ser entendida como símbolo do eu ou do particular em cada um. Neste sentido, pela sacola nunca ser vista, podemos compreender que o indivíduo nunca é apenas um mero reflexo do todo, que a maneira como ele particulariza uma série de fatores o torna único e desconhecido.