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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um século e cinco dias


Uma breve história do século XX é um best seller que tenta fazer o leitor leigo, com apenas 308 páginas, entender os principais fatos e mudanças ocorridas no último século. Projeto ambicioso, que podia ser muito bom ou um desastre. Geoffrey Blainey, o autor, faz o possível para torná-lo interessante. O livro não se concentra apenas nos acontecimentos políticos e grandes estadistas, tal como as histórias de antigamente. Ele nos informa mudanças de comportamento, tecnologias usadas na época, expectativas da vida. Em meio a grandes acontecimentos, há exemplos triviais significativos. Só que isso não é o suficiente. O problema do livro é justamente o tamanho do empreendimento, ter coisas demais para relatar. Em muitos momentos ele parece um livro didático, com informações generalistas e imprecisas. Um bom exemplo é quando ele diz que a escravidão foi abolida no Brasil já no início do século - 1888 é início do século XX?  Por outro lado, a necessidade de citar vários países acaba tornando tudo um amontoado de informações. É daquelas leituras que ao final do capítulo quase tudo já foi esquecido. O resultado final é que o livro possui momentos interessantes, mas que não conseguem segurar o leitor.

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O que um livro tem de chato e não chegar a lugar nenhum, o outro tem de interessante. Cinco dias em Londres é um clássico na área de história e jornalismo. Ele consegue trazer informações novas mesmo para aqueles que já conhecem e se interessam pela Segunda Guerra Mundial. De acordo com Lukacs, seu autor, num período de cinco dias, em Londres, o rumo da Segunda Guerra Mundial e, por consequencia, da história mundial, foi alterado. Nesses cinco dias, Churchill emergiu como líder e colocou a Inglaterra contra o Terceiro Reich. Para entender que mudança isso significou, o livro nos coloca dentro do espírito que dominava a Inglaterra nesse período. Para tanto, somos informados sobre os avanços de Hitler, e que informações se dispunha sobre ele, as negociações e os bastidores do parlamento inglês, qual a opinião pública sobre o conflito - tudo amplamente discutido através de documentos, cartas, livros e depoimentos. O principal personagem do livro, Winston Churchill, estava longe de ser a unanimidade. Considerado exagerado e inconfiável, com uma posição insistente contra Hitler, ele surge aos poucos como única alternativa ao conflito. O livro consegue mostrar a ação titubeante do presente - não a história dos que olham para trás e possuem as respostas e sim a ação daqueles que ainda não sabem o que fazer. Como lição, ele recupera a importância de pequenas decisões, batalhas que nem sempre envolvem tiros.

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