Páginas

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Adeus às armas

Eu deveria ter anotado na hora, mas não me ocorreu.

Geralmente vou à biblioteca com apenas um livro definido, ou uma vaga idéia do que pegar- um autor brasileiro e um livro de contos, reler um clássico e um autor americano, conhecer um autor novo e seguir a indicação de um blog, etc. Passo por fases de ler vários livros seguidos de um só autor e depois o abandono por um tempo. Gosto de passear pelas estantes das diferentes nacionalidades e cada hora descobrir algo novo. Há duas semanas avistei Heminway, de quem nunca li nada, e decidi arriscar. O nome Adeus às Armas me soou familiar, e na capa dizia que era um livro autobiográfico que falava do período da Primeira Guerra. Autobiografia e história, não tem como ser ruim, pensei.

Quando cheguei em casa, com Adeus às Armas (e Solo de Clarineta I), me sentei confortavelmente no sofá disposta à todos os rituais correspondentes a ficar um longo tempo lendo. Aí comecei a ler a orelha do livro. Deveria ter anotado aquilo. Ela dizia coisas como "a cena de amor mais bonita de toda a literatura" "você vai ficar de coração partido quando Fulano e Beltrana se separarem em não-sei-onde" "o livro mais emocionante já escrito" e outros exageros que me deram tanta vergonha alheia que até duvidei se a pessoa que os escreveu assinaria (e assinou).

Resultado: devolvi sem ler uma só linha.

7 comentários:

  1. Eu confesso que tenho um certa antipatia por gente que faz anotações nos livros... mas eu confesso já ter pego um livro de física numa biblioteca cujos comentários as perguntas retóricas do autor me renderam umas boas risadas.

    ResponderExcluir
  2. Estou contigo. Raramente são anotações boas. Além da irritação visual, tem aquela coisa que você vê que a pessoa não leu direito, que grifou coisas que não têm importância, esse tipo de coisa.

    ResponderExcluir
  3. Li seu post "Silêncio" e me lembrei de uma conversa com minha mãe.

    _Então ela tem dois filhos formados um em direito e o outro medico. Ela é tão feliz, paciência né por vc e seus irmãos não serem doutores.

    Então bocuda como sou: _ E por acaso a senhora sabe se são felizes tb? Porque os seus filhos são com suas escolhas.

    ResponderExcluir
  4. Adoraria dar essa resposta, mas quem disse que na minha família alguém se preocupa em discutir coisas "fúteis" como felicidade?

    ResponderExcluir
  5. Adeus às Armas soa hoje todo clichê, da primeira à última página. Difícil acreditar que tenha feito de Hemingway o autor mais lido da primeira metade do século passado. Não sei qual livro recomendaria a vc de Hemingway (li-os todos). Tenho certeza que vc não gostaria de nenhum deles. É muito cheio daquilo que vc identificou certa vez no blog do Milton como conversa de homens, humor masculino ou coisa que o valhe. Eu mesmo já há décadas não o leio mais, afora, de vez em quando, seus contos. Mas a musicalidade da linguagem dele é que é uma coisa imprescindível. Se procura ESSA musicalidade_ a forma de escrever contaminadora, responsável por boa parte dos escritores do século XX, incluso aí o Capote_, diria que talvez ficasse em paz com o romance O Sol Também se Levanta. Mas não preste atenção a olheiras de livros, é como beber o toddy achando que vai poder dançar como a vaquinha da propaganda.

    ResponderExcluir
  6. Estava de viagem, dias sem acessar a net. Vi agora sua referência a mim no post de seu outro blog. Realmente, tu é ranheta mesmo. Mas faz parte de seu charme. (Perfil perfeito feito pelo Ramiro, que captou bem na brincadeira dos anões da Branca de Neve sua personalidade FORTE).

    Abraços.

    ResponderExcluir
  7. Ah, finalmente a opinião de alguém que leu Hemingway! Fiquei agora com a impressão de que ele é uma espécie de Sidney Sheldon... Quem sabe um dia, numa sala de espera, em meio de muitas revistas Caras eu o leia. A orelha e a tua opinião realmente me desanimaram.

    Bem aguda a avaliação que o Ramiro fez de todos nós, não? ;)

    ResponderExcluir

Desande aqui

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.