Meu pai tinha um amigo, também engenheiro, que trabalhava com a esposa em uma usina nuclear. Parecia o emprego dos sonhos: eles tiravam férias quatros meses durante o ano, ganhavam muito mais do que a média salarial e se aposentariam cedo. Esse amigo se tornou o padrinho do meu irmão mais velho, o que me matava de inveja: além de eu não ter padrinho (meu irmão é o único filho batizado), o padrinho dele era legal e rico. Os filhos estudaram nos melhores colégios e herdei de uma das filhas o vestido rosa mais lindo que usei durante a minha infância. Lembro dele dirigindo um carro de câmbio automático em plenos anos 80. Meu pai teria ido trabalhar lá se pudesse. Mas o tempo se encarregou de mostrar que não havia nenhuma bondade do que a empresa lhe oferecia. A esposa do padrinho morreu muito jovem, provavelmente de câncer, e o corpo dele não demorou a sentir os efeitos. É como se ele tivesse envelhecido depressa. O carro de câmbio automático era porque ele, já aos quarenta anos, não tinha força no braço o suficiente pra dirigir um carro comum.
Eu me lembrei dessa história quando vi o desastre no Japão. Me sinto bem retratada no texto do Farinatti, então apenas os convido a lerem. Acho que ele expressa bem o sentimento diante do que está acontecendo lá, a ironia desse destino que os liga a desastres atômicos. Lembro também do texto do Charlles, testemunha ocular do que aconteceu em Goiânia no episódio do Césio 137. Ao mesmo tempo, as notícias nos mostram o comportamento exemplar do povo japonês. Em nenhum outro lugar do mundo veríamos essas coisas. São muitas lições a serem aprendidas num só episódio.
Sempre achei que os japoneses, os orientais, de modo geral, são exemplares. Entristece-me saber que o mundo não é assim e que nós, no Brasil, não passamos nem perto.
ResponderExcluirCaminhante, se há algo que eu posso ter certeza nesse mundo é que ninguém te dá um bolo de dinheiro sem cobrar algo em troca.
ResponderExcluirMe assustei ao ver a atenção lá no meu blog, hoje, pelo texto sobre o Césio. Pensei, mas que diabos, de onde veio esse interesse. Então é daqui!
ResponderExcluirNão tive contato com a radiação, apesar de ter sido leviano. Meus filhos nasceram com a quantidade de dedos certinho.
Disfarçada, eu sempre vi um pouco de exagero nessa visão de orientais serem mais exemplares. Mas agora estou completamente convencida.
ResponderExcluirLeonardo, falou tudo. Principalmente empresas.
Charlles, você nem precisa de mutação genética. Só os teus genes, originais, não podem gerar ninguém normal..
Cocei a corcunda pensando: mas essa muié tá é me elogiando?
ResponderExcluirE, segundo as notícias, a coisa está piorando no Japão.
ResponderExcluirTendi nada essa história
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