Em todos os países da Europa, é agora uma verdade que se pode demonstrar para toda mente despida de preconceitos, e que só pode ser negada por aqueles que estão interessados em iludir as pessoas, que nem o aperfeiçoamento das máquinas, nem a aplicação da ciência à produção, nem os artifícios da comunicação, nem a criação de novas colônias, nem a abertura de mercados, nem o livre-câmbio, nem todas essas coisas juntas abolirão a miséria das classes trabalhadoras; mas que, pelo contrário, com base nas falsas bases atuantes atualmente vigentes, todos os novos progressos das forças produtivas do trabalho tenderão a intensificar as discrepâncias sociais e aguçar os antagonismos sociais. A morte causada pela fome atingiu quase o nível de uma instituição, durante esta época de embriaguez com o progresso econômico, na metrópole do império britânico; Esta época está assinalada nos anais do mundo pelo retorno mais rápido, o âmbito mais extenso e os efeitos mais letais da praga social denominada crise comercial e industrial.
Uma delícia esse livro!
ResponderExcluirConcordo, eu adoro esse livro!
ResponderExcluirO tema da desigualdade e da produção da miséria é uma das coisas mais inquietantes para mim como historiador.
ResponderExcluirO século XIX foi um século onde o futuro, e logo em seguida o progresso que passou a estar colado a ele, foram temas inescapáveis. Para aplaudir, como a maioria, ou para desconfiar, como os românticos e Nietzsche.
Hoje, a gente está mais vacinado com esse negócio de progresso. Mas, na verdade, acho que é só em alguns círculos ativistas ou muito intelectualizados e em raros momentos, porque no dia-a-dia repetimos chavões que são as fórmulas mágicas da legitimação do progresso o tempo todo. Eu não deifico o progresso, esse Deus dezenoveano. Mas não queria viver na Idade Média.
A desigualdade, a gente vive muito bem com ela, não te parece? É uma desgraça, todos concordamos, mas, na maioria de nós, isso não causa maior desconforto. Como disse Marco Polo a Kublai Kahn no magnífico Cidades Invisíveis do Calvino, a gente se torna parte do inferno até deixar de percebê-lo.
Farinatti, estava esperando surgir algo inteligente na minha cabeça pra comentar o teu comentário. Mas não apareceu nada, alem de eu achar interessante e que você tem razão. Se fosse o Facebook, eu apertaria "Curtir"...
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