Apesar de ter preconceito com filmes baseados em livros,
com relação ao ...E o vento levou tive a reação contrária, de achar que
o livro sujaria minha memória afetiva do filme. Eu, como quase todos da
minha geração, entrei em contato com o filme quando criança, vi
inúmeras vezes e o guardava na memória como uma das grandes produções
que vi na minha vida. Achei que o livro não seria digno dessas
lembranças e só resolvi
arriscar quando a Luciana me garantiu que era uma leitura agradável.
Sabia que, na sua época, o livro tinha legiões de fãs, por isso a super
produção. Já havia lido que a escolha de Vivan Leigh foi polêmica,
porque ela não tinha os famosos olhos verdes da Scarlett -o que explica
os inúmeros vestidos e chapéus verdes que a personagem usa, porque com
eles Scarlett ressaltava a cor dos seus olhos. Vivan Leigh só convenceu a
multidão de fãs quando o filme estreou viram seu desempenho fantástico.
Pior de tudo é saber que o galã Rhett, vivido por Clark Gable, era bafudo. Dizem que o hálito dele era tão ruim que Vivian Leigh chegava a passar mal depois das cenas de beijo.
Não imagino que impacto o livro causava na época, quando ninguém
conhecia de antemão o que aconteceria. Eu vi o livro tendo o filme como
referência, e as imagens me voltavam a medida que eu lia. Como era de se
esperar, o livro tem detalhes que explicam muito melhor a trama, se
aprofunda nos personagens e tem uma ação mais lenta. Então, através de
algumas informações, os fatos adquirem novas luzes, motivações e
contextos mais elaborados do que a tela pôde mostrar. O filme se volta
para o romance de Scarlett e Rhett, e os tornou um dos casais mais
emblemáticos do cinema. O livro se concentra na vida de Scarlett; o
narrador, embora onisciente, quase sempre fala das motivações e pontos
de vista dela. Da maneira como a história é construída, não é tão certo
que eles são feitos um para o outro. Rhett faz parte da vida movimentada
de Scarlett, do mesmo modo que as famílias sulistas, a guerra, a luta
pela sobrevivência e Tara. Outro grande mérito do livro é o de não
duvidar da inteligência do leitor. Parece pouca coisa mas não é - um bom
cinéfilo percebe rapidamente que o diretor Woody Alen, tido como tão
cult, não resiste e sempre coloca alguém para dizer, com todas as
palavras, as respostas que o filme se propôs a dar. Em ...E o vento
levou, os indícios são fornecidos, mas a autora confia que o leitor
perceberá o que está acontecendo.
Leia a continuação aqui.
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/cultura/e-o-vento-levou-de-volta/
ResponderExcluirQue susto, Charlles, achei que ia voltar em forma de filme. Não daria certo, nunca dá certo.
ResponderExcluirPeraí, eu percebi a ironia. A menção aos esquimós errantes do século XV foi para mim, claro!
ResponderExcluirO Farinatti tbm achou que foi pra ele. Vocês se decidam!
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