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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Experiência bolañesca

Li Noturno do Chile em dois dias, na casa do Milton. O parágrafo não tinha pausas (mas não parece Saramago) e não dava vontade de parar de ler. Terminei o livro com a certeza de que não seria capaz de falar sobre ele, quase como se fosse um segredo. Eu poderia dizer o quê, que li e não conseguia largar? O máximo que consegui pensar foi criticar a orelha do livro, da edição da Companhia das Letras, que resume e organiza o livro inteiro, ou seja, entrega com facilidade o que o leitor precisaria descobrir. Mas talvez isso não tenha importância, porque muito mais interessante do que a história é a maneira como ela se desenvolve: num turbilhão, com eventos sobrepostos, passagens do tempo ora rápidas, ora muito lentas, mas sempre muito interessante. Decidi que precisaria de um pouco mais de know how para ser capaz de escrever sobre Bolaño.

Agora estou lendo Os detetives selvagens, também da biblioteca do Milton. É um calhamaço de mais de quinhentas páginas. Esse livro tem parágrafos e as coisas acontecem de modo mais claro; por outro lado, permanece a sensação de vertigem, de que tudo pode acontecer (mas não é realismo fantástico). De onde Bolaño tirava todas essas coisas? Como é possível que esses livros sejam tão diferentes e tão parecidos? É como se a imaginação e a capacidade de Bolaño em criar e desenrolar histórias não tivesse limites. Ou seja, mais uma vez me vejo incapaz de falar sobre esse autor.

Como me falta capacidade e ao Milton sobra, só me resta indicar as críticas que ele fez a respeito de Bolaño.

4 comentários:

  1. Ora, ora. Sou um chutador, sabes disso.

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  2. Eu sei. Chutas muito bem!

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  3. De onde ele tira? (fiquei pensando nisso)

    O cara tem realmente uma imaginação anormal. A coisa brota em superfetação.

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  4. Não gostei de Os Detetives. Tenho-o entre meus 10 piores livros. Acho que dele se salva, apenas, o capítulo final, que vou contar pra você: é assim, a Cesária Tanajero... brincadeirinha.

    Não gosto, primeiro, de romances em forma de diário. Detesto-os. É uma preguiça do autor, pois é a técnica mais fácil de se utilizar em uma narrativa. A grande pare central de Detetives, claro, são reminiscências pessoais de incontáveis personagens, o que: configura a segunda razão de não ter gostado: odeio narrativas fragmentadas.

    Mas Noturno do Chile é o meu romance preferido de Bolaño, junto com 2666. Pegue logo o 2666 pra ler. A distância entre Detetives e 2666 é gigantesca.

    Pô, gostaria muito de ler uma resenha sua sobre Bolaño. Gostaria mesmo.

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