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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cu

Ouvi muitas histórias interessantes dos meus ex-professores antropólogos, e é uma pena que eu tenha guardado apenas a essência delas, sem nunca lembrar de que tribo. Então sou obrigada a dizer "em alguma cultura indígena brasileira..." Essa história do cu é mais uma que acontece em alguma cultura indígena brasileira. Uma das minhas professoras contou que os índios que ela estudou comiam o cu uns dos outros. Não, eles não eram gays, alguns comiam o cu dos amigos. Eram índios comuns, com todas as atribuições masculinas dos outros índios. Só que eles faziam isso às vezes, não me perguntem o porquê. Suas esposas sabiam e isso dava algumas brigas. O que há de diferente e inexplicável nessa história é que a sua masculinidade não era colocada em questão por causa disso. Era uma coisa normal, uma particularidade que não afetava o resto da existência.

Sempre penso nesses índios quando se discute o preconceito contra homossexuais, ou até mesmo a cultura homossexual. Que uma coisa alimenta a outra, que essa briga reforça as diferenças, obriga os dois lados a se armarem. Fomos nós que criamos a homossexualidade, com séculos de cristianismo e repressão. Toda a questão se a homossexualidade é natural ou não, se é vontade de deus ou não, se traz infelicidade ou não, existe apenas porquê atribuimos ao ato de comer o cu conotações gigantescas.

Um comentário:

  1. Objeto de Amar

    De tal ordem é e tão precioso
    o que devo dizer-lhes
    que não posso guardá-lo
    sem que me oprima a sensação de um roubo:
    cu é lindo!

    Fazei o que puderdes com esta dádiva.
    Quanto a mim dou graças
    pelo que agora sei
    e, mais que perdôo, eu amo.

    (Adélia Prado)

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