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sábado, 2 de julho de 2011

Best Sellers

Eu cresci numa casa cheia de livros, e não era raro que eu ouvisse o termo Best Sellers - livros que estavam há semanas na lista dos Best Sellers, um livro que era um Best Seller. Claro que eu não sabia o que queria dizer em inglês. Achei que aquilo era algum tipo de prêmio literário, um atestado de qualidade. Fiquei muito decepcionada quando soube que significava apenas Mais Vendido. Então era só isso? O livro que mais pessoas compraram, sem nenhum outro mistério? Nem ao menos delimita um padrão de escrita ; o mais vendido não quer dizer o melhor, o mais inovador. Alguns, que se vêem como verdadeiros gourmets literários, já diriam o seguinte: se é tão popular, sinal de que não é bom.

Paulo Coelho é um caso clássico. Dá para listar em ordem alfabética, cronológica e de importância centenas de autores mais inovadores, com narrativas mais interessantes, personagens mais bens construídos, nacionais ou estrangeiros, contemporâneos ou de várias épocas melhores do que ele. Dependendo que quem você conheça ou leia, de repente até o seu amigo Zé pode ser melhor do que o Paulo Coelho em um ou vários aspectos - o que não muda nada o fato dele ser o Zé e o Paulo Coelho um escritor mundialmente famoso. Pouco importa que Paulo Coelho não seja tão original, que muitas histórias sejam claramente inspiradas em parábolas orientais e só não pagam direitos autorais porque não existe direito autoral para parábola. Paulo Coelho é um dos que levam os críticos nacionais (porque ninguém diria isso lá fora) a confirmarem a idéia de que o segredo do best seller é sua mediocridade.

É só pensar um pouco pra perceber que isso não é verdade. Muitos best sellers preenchem todos os requisitos da boa literatura. Assim como existem livros bem feitos e originais que nunca passarão de poucas edições. Me parece que best sellers são fenômenos meio desconhecidos, uma surpresa, um talento. O que percebi na minha curta vida de pessoa que escreve é que é muito difícil acertar o coração do leitor. Existe uma sintonia fina entre o que é escrito e o que o público está desejoso para ler. Seja genial demais e é possível que isso soe falso, pedante. Fale apenas o trivial e é possível que ninguém se dê ao trabalho de avançar pelas linhas. Também é possível que você fale a coisa certa para o público certo, e simplesmente não seja marcante. Por isso que eu acredito que o best seller nunca é um equívoco, por mais que nos critérios gourmets possa parecer que sim.

2 comentários:

  1. Eu penso que gostar de best sellers ou não, tem a ver com o tipo de leitor que você é e como você enxerga o processo de leitura na sua vida. Se você lê para se aproximar das pessoas ou se você lê buscando uma identidade própria para si ou mesmo se você lê para ampliar sua visão de mundo.

    Eu confesso que algumas vezes fujo dos best sellers por sentir justamente que eles buscam o lugar comum, aquilo que bombardeia a gente todos os dias na rua, no trabalho, na tv... e porque enquanto leitor eu busco nos livros algo que amplie a minha percepção de mundo.

    No cinema eu já penso o contrário, eu gosto dos filmes como entretenimento, não como algo para ampliar a minha visão de mundo, então para mim é muito mais fácil assistir um blockbuster, porque ele é feito para entreter.

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  2. Eu não me atenho ao termo Best Seller nem para comprar um livro nem para discriminá-lo, mas a um caráter mais escatológico: ou o livro presta ou não presta. Tenho um longo histórico com best-sellers. Li uns 20 livros do Stephen King. Sou capaz de escrever um ensaio pormenoriado sobre esse que eu considero um grande escritor (King). Nenhum livro me agradou mais que Se Houver Amanhã. Não gosto, por outro lado, de Dan Brown, ao menos os que li, o Código Da vinci e o Símbolo Perdido. Achei-os horríveis. Adoro Patricia Cornwel (sic?). Não leio nada de auto-ajuda por achar tudo nesse campo chatíssimo, ou seja, não por ser best seller, mas por ser, na minha maniqueista impressão, um lixo.

    Da mesma forma o Paulo Coelho. Li dele O Alquimista e Diário de um Mago, e percebi para nunca mais que ele é o pior escritor do mundo, se é que se pode dizer que o sujeito È escritor. Ele é tétrico, chato, pedante e autista, o que me torna indiferente à sua obra. Não sei mais quantos livros ele lançou.

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