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domingo, 30 de outubro de 2011

De volta ao básico

Estou lendo David Copperfield e não farei outra crítica a Charlles Dickens. Essa segunda leitura me fez entender melhor algumas críticas ao autor: pieguismo, visão maniqueista dos personagens, repetição de temas, crítica superficial às condições da sua época. Mesmo que duas leituras já me tornem capaz de saber onde está o vilão antes mesmo dele começar a vilania, mesmo que as desventuras de Copperfield desde a tenra idade sejam tão exageradas que eu não fui capaz de derramar uma lágrima (e sou uma leitora vergonhosamente emotiva), é um livro maravilhoso. Ele domina aquela arte mais sagrada da literatura, que é a capacidade de emocionar o leitor. Numa época que o bacana é procurar inovações na linguagem, nada como ler alguém que procura ser agradável e acessível.

Será possível que, hoje, no momento em que surge diante de mim, tão nitidamente como pessoa que eu reconhecesse na rua cheia de gente, o rosto de minha mãe já não exista mais? Sei que ela se foi, que não é mais deste mundo; mas, ao falar de sua beleza inocente e infantil, posso acreditar que ela tenha desaparecido para sempre, embora ainda sinta em mim seu hálito suave, como senti naquela noite? Será possível que minha mãe tenha morrido, quando a minha memória evoca-lhe a existência sempre assim, e meu coração, fiel às recordações da mocidade, conserva vívido o que então acariciava?

3 comentários:

  1. A Véia do Blog11:06 PM

    Estou preoculpada com o Gilmar, que dilema amiga rs

    beijos

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  2. Tenho que encomendar o DC e relê-lo o mais rápido possível. Você é a crítica mais imisericordiosa que conheço, e ele passou por seu crivo.

    Dickens é uma felicidade Tem largos espaços insuspeitos em minha mente ocupados por ele.

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  3. Eu, imisericordiosa!?!?

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